Mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo, aproximadamente 15% da população global, possuem algum tipo de deficiência física, mental, intelectual, ou sensorial.

Para promover os direitos dessas pessoas, bem como ações de conscientização e de compromisso social na sociedade mundial, há 29 anos, a Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu a data de 03 de dezembro como o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência.

Este ano, o tema é Liderança e Participação das Pessoas com Deficiência por um Mundo Pós-Covid-19 Inclusivo, Acessível e Sustentável, um convite à reflexão sobre o desenvolvimento de políticas públicas que possam garantir os direitos estabelecidos na Convenção da ONU.

Realidade brasileira

No Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são cerca de 45 milhões de pessoas com deficiência, ou 24% dos brasileiros. Uma fatia significativa da população que vem lutando por seus direitos.  

Segundo Ana Lucia de Mello, Terapeuta Ocupacional que há 26 anos atua como Consultora em Inclusão de Pessoas com Deficiência, mais do que um momento de comemoração, o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência é uma data de luta, de relembrar as conquistas e de continuar avançando na inclusão e na busca por uma melhor qualidade de vida.

“É um momento de trabalhar a conscientização de toda a população acerca dos direitos das pessoas com deficiência. Nessa questão está também a acessibilidade, que tem evoluído muito nos últimos anos por conta de legislações especificas, mas ainda precisamos avançar no sentido de entender que se trata de um benefício para todos e não para um público específico”, analisa Ana Lucia.

Incluir para crescer

Entre as normas vigentes citadas por Ana Lucia está a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, que foi sancionada em 2015 para garantir e incentivar, em condições de igualdade, o pleno exercício das liberdades fundamentais e o direito de ir e vir das pessoas com deficiência.

Parte dessa equidade é obtida com a acessibilidade universal, a qual quebra barreiras, possibilitando que todas as pessoas utilizem os meios de transportes, visitem edifícios comerciais ou residenciais e acessem espaços de lazer, como teatros, cinemas, auditórios, estádios, restaurantes, entre outros.

“As leis são de grande importância para mudar comportamentos. Por exemplo, a que exige a utilização de cinto de segurança nos automóveis nos fez entender a necessidade de colocá-lo para estarmos seguros. Desse modo, a força da lei para Inclusão de Pessoas com Deficiência, ainda é um necessário motivador. Mas, além dela, temos tido avanços em discussões na sociedade, conduzidas por organizações e agentes de mudança, que têm gerado interesses da população em geral”, comenta a consultora.

É o caso do mercado de trabalho, que está experimentando um grande movimento de inclusão de pessoas com deficiência nos mais diversos setores. Ana Lucia explica que as empresas estão abrindo suas portas para incluir em seus quadros pessoas com diferentes tipos deficiência, como, por exemplo, a psicossocial, até pouco tempo não considerada.  Percebendo, assim, que a inclusão é benéfica para a corporação, pois as pessoas são dotadas de capacidades e competências que podem agregar valor às equipes. Além de entenderem que o mundo é diverso e que as empresas precisam estabelecer uma comunicação com todos.

Desse modo também se combate o capacitismo, um conceito recente, mas que sempre foi vivenciado pelas pessoas com deficiência, gerando preconceito e discriminação. Uma atitude enraizada na sociedade que leva o indivíduo a achar que, o fato de uma pessoa não possuir uma habilidade física ou sensorial, ela se torna incapaz provocando descrédito em relação à capacidade, expectativa de futuro e, consequentemente, a exclusão.

Para mudar essa realidade é importante detectar onde estão os nossos vieses e preconceitos. Assim conseguiremos entender, por exemplo, que o fato de uma pessoa cega não aceitar a nossa ajuda pode ser porque ela realmente não precise. A crença de que é necessário ajudar é um dos vieses do capacitismo. Nosso olhar é dirigido às pessoas com deficiência com a ideia de que, por termos um corpo diferente ou sem limitação, somos mais capazes, baseados num referencial de ‘corpo perfeito’. Esta é a raiz do capacitismo”, explica Ana Lucia.

Iniciativa organizacional

Para que a inclusão evolua cada vez mais, também é importante que as empresas se comprometam com o assunto por meio de políticas internas com a participação de funcionários, com o propósito de promover a diversidade e a quebra de preconceitos.

Na TKE, o Comitê de Diversidade e Inclusão vem cumprindo esse papel. Criado há dois anos para promover o crescimento profissional e pessoal dos colaboradores acerca desse universo, o comitê promove debates sobre as temáticas que integram os pilares do Plano de Diversidade e Inclusão: racial, gênero, PCD’s, gerações, cultural e LGBTIQ+.

Segundo Renan Anger, Líder de Diversidade e Inclusão, são mais de 130 pessoas que atuam de forma ativa na construção de um ambiente inclusivo e escrevendo um capítulo na história da empresa. “Um das ações que demonstram que o Pilar das Pessoas com Deficiência é prioridade foi a contratação da consultoria Arquitetando Inclusão, que tem o objetivo de nos apoiar para elevar o nosso nível de maturidade no processo de inclusão das pessoas com deficiência. Além disso, neste ano vamos trabalhar em duas frentes principais: formação aprofundada sobre pessoas com deficiência para as lideranças e  o desenvolvimento acelerado dos colaboradores com deficiência”, destaca Renan. 

Gestor da Filial de São José dos Campos e representante do Pilar da Pessoa com Deficiência do Comitê de Diversidade e Inclusão, Ludgero Luciano da Costa, faz questão de ressaltar a importância do trabalho para envolver os funcionários no debate, sempre buscando promover a diversidade na empresa. “Ser uma pessoa com deficiência me ajudou a ter empatia pelo outro e a ser justo. Atuo como um facilitador das pessoas com deficiência na nossa empresa, para que possam entender o lugar de cada um dentro da sociedade, as suas possibilidades e para que não sejam discriminadas por sua deficiência. Além disso, por meio de informações e atividades, buscamos conscientizar as equipes e as lideranças sobre como lidar com equidade com as pessoas com deficiência”, analisa Ludgero.

Para nós, fortalecer a diversidade gera valor, pois uma empresa só cresce de forma sustentável se respeitar as diferenças.

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