“Um povo sem memória é um povo sem história”, disse uma das mais renomadas historiadoras do Brasil, Emília Viotti da Costa, trazendo à tona a relevância de preservar a história e, como parte inerente dela, os bens culturais nacionais, papel que cabe oficialmente ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), inspiração para a criação do Dia Nacional do Patrimônio Histórico.

A data, celebrada desde 1998 no dia 17 de agosto, ganhou tal significado após mais de 60 anos de criação do Iphan, o mais importante órgão de preservação do País, responsável pela proteção e preservação dos bens culturais nacionais, com a tutela de milhares de edifícios, centros urbanos e sítios arqueológicos brasileiros, sem contar o acervo monumental com mais de 1 milhão de objetos catalogados.

Sala São Paulo: arquitetura preservada para acordes perfeitos

Um dos mais conhecidos exemplos de patrimônio histórico do Brasil é o edifício da Estrada de Ferro Sorocabana, que abriga a Sala São Paulo, no Complexo Cultural Júlio Prestes, sede da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo e das mais importantes casas de concertos e eventos do País.

A união entre o passado e o presente se revela no projeto inicial de Christiano Stockler das Neves, construção de 1925 que simboliza uma das melhores definições para patrimônio histórico, pois estamos falando de um prédio tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat), que sediou festas e eventos institucionais, mas que ganhou ainda mais importância quando a Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo assumiu seu controle, em 1997, transformando-o no Complexo Cultural Júlio Prestes.

A modernidade está presente nessa iniciativa que reforçou ainda mais o potencial de revitalização da região já habitada pela Pinacoteca do Estado e Museu de Arte Sacra. Afinal, com o apoio das novas tecnologias, a história desse imponente edifício ecoou e se transformou em uma experiência concreta e de impacto, principalmente para os milhares de visitantes da Sala São Paulo em virtude da harmonia estabelecida entre a acústica e a arquitetura do espaço.

Sala São Paulo. Foto: Tuca Vieira

Tecnologia aliada à preservação do patrimônio cultural

A Sala São Paulo, que completa 22 anos em 2021, foi toda projetada pelo arquiteto Nelson Dupré para estimular os sentidos dos visitantes, reunindo várias soluções inovadoras para garantir apresentações primorosas.

Mas para que cada acorde musical seja sentido, há um protagonista: o forro móvel desenvolvido pela TKE, que permite a acústica perfeita a partir de 15 placas que se movem de acordo com o tipo de apresentação – é por meio da subida ou descida dessas placas que ocorre o aumento ou diminuição do volume e do tempo de reverberação do som que tem impacto direto nas apresentações da sala, reconhecida internacionalmente pela acústica.

A parceria nesse projeto vai mais longe, estendendo-se à presença de um elevador instalado no palco para transportar o piano direto do understage durante uma apresentação, sem a necessidade de deslocar a orquestra, e a um elevador de coro sob o qual ficam guardadas as três primeiras fileiras, que são acionadas em concertos com muitos músicos, permitindo aumento de 3 metros no palco.

A mobilidade dos visitantes também faz parte dessa parceria a partir da modernização de dois elevadores de 1945 que conservaram as características da época, como as portas pantográficas, levando os visitantes a uma viagem no tempo.   A Sala São Paulo é uma referência para nós e exemplo de como é possível preservar a história, unindo o antigo ao novo.

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