Hoje, 28 de junho, é celebrado o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+. A data consolida um mês de manifestações públicas, como as paradas que lotam as ruas das cidades em prol de uma sociedade mais igualitária e sem violência.
Iniciativas que dão voz à comunidade LGBTQIA+, sigla que foi ganhando novas letras ao longo dos anos para ampliar a luta pelos direitos de lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, queer, intersexuais, assexuais, entre outras orientações sexuais, identidades e expressões de gênero.
Uma fatia da população que luta pelos seus direitos, por uma sociedade inclusiva, pela diversidade e pelo fim do preconceito, comportamento discriminatório que é o responsável pelos casos de violência, problemas de saúde mental e mortes dessa população.
Segundo o Relatório Mortes Violentas de LGBT+ no Brasil, elaborado pela ONG Grupo Gay da Bahia, o Brasil registra um assassinato a cada 29 horas de pessoas da comunidade LGBTQIA+ e é o país onde mais pessoas desse público morrem de forma violenta no mundo.
O documento mostra que, em 2021, 300 pessoas LGBTQIA+ sofreram morte violenta, 8% a mais do que no ano anterior, das quais 276 foram homicídios e 24 suicídios.
Os Estados que mais registraram casos de violência foram São Paulo, com 42 de mortes; seguido pela Bahia, com 32; Minas Gerais, com 27; e Rio de Janeiro, com 26. Apesar de a entidade divulgar esses dados estatísticos há 40 anos, a partir do levantamento das notícias publicadas na imprensa, os números podem não refletir a realidade, uma vez que nem todos os incidentes são notificados ou relatados nos meios de comunicação.
Segundo Evandro Gerhardt, psicólogo clínico e especialista em traumas, que também atende em seu consultório pessoas LGBTQIA+ vítimas de violência e com traumas, infelizmente, ainda estamos longe de uma convivência social sem violência. “Existe muita agressão física e psicológica e a cada dia uma pessoa LGBTQIA+ morre por causa da homofobia, da transfobia e da lesbofobia. Essas agressões também geram vários transtornos psíquicos e de personalidade, como depressão e ansiedade, os quais levam as pessoas a terem dificuldades de exercer suas atividades rotineiras, acentuando casos de depressão grave, além do aumentado do risco de suicídio”, analisa o psicólogo.
Desenvolvimento emocional
Evandro explica que todo ser humano tem necessidades emocionais que são fundamentais para o seu desenvolvimento e as situações de discriminação, bullying, falta de afeto, insegurança, entre outros problemas, provocam um grande impacto negativo no crescimento emocional, que impedem o seu desenvolvimento. Como consequência, a pessoa vai ter bloqueios emocionais, como dificuldades de falar em público, ansiedade generalizada e social e demais transtornos.
O psicólogo enumera essas necessidades emocionais: 1- aceitação, na qual inclui a proteção, acolhimento e segurança no ambiente familiar; 2- conexão emocional com afetos e familiares, contribuindo com que a pessoa tenha sentimentos de pertencimento, de aceitação e de conexão dentro da família; 3- autonomia, para a realização de tarefas do dia a dia, viver as situações e se sentir capaz; 4- limites realistas, para ter entendimento sobre cada fronteira de situações com pais, familiares e demais pessoas; 5- liberdade de expressão, necessidade emocional muito presente na questão da diversidade, pois é impedida em uma sociedade preconceituosa e onde há homofobia.
Assim, a privação dessas necessidades emocionais podem gerar diversos prejuízos para a saúde mental de uma pessoa, como o trauma. Segundo o psicólogo trata-se do resultado de uma experiência ruim que acontece com o indivíduo, na qual o seu cérebro tem uma grande sobrecarga de emoções e, a partir de então, ele teme passar pela mesma situação novamente. Isso gera diversos pensamentos e crenças negativas, que bloqueiam o desenvolvimento e afetam a rotina diária, impedindo a realização de atividades corriqueiras.
“Dependendo do trauma, por exemplo, a falta de consentimento por parte de outros da pessoa ser como é ou até mesmo sofrer um abuso, pode haver consequências e dificuldades para o desenvolvimento profissional e escolar, como ter limites, seguir regras, não conseguir lidar ou ter medo da figura de autoridade e não saber agir em momentos de pressão. Isso pode ocorrer por uma predisposição ou conforme a aceitação da identidade sexual dentro do ambiente familiar”, comenta Evandro.
Para ele, é necessário que as instituições, corporações e demais setores da sociedade promovam discussões e ações sobre o assunto. “Por meio dessas iniciativas, leva-se conhecimento e se promove a educação e o entendimento referente às necessidades emocionais. Como resultado, temos a redução de preconceitos sobre sexualidade e desse modo também se contribui com a melhor saúde mental de todos”, finaliza o especialista.
Ambiente corporativo de respeito
Alinhado a isso a TK Elevator possui o Comitê de Diversidade, Equidade e Inclusão, por meio do qual leva conhecimento e contribui com o desenvolvimento das pessoas de suas equipes, preparando-as para a diversidade e gerando empatia. Para isso, realiza para seus colaboradores debates em datas especiais, como o sobre o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+. O objetivo é contribuir para a construção de uma cultura de respeito e de valorização das diferenças nos ambientes internos da empresa e na sociedade.
“A TKE é uma empresa que abraça a diversidade, a equidade e a inclusão. Como é o lugar onde passamos muitas horas, cada colaborador precisa ter seu espaço de respeito, aceitação e segurança. Por meio do comitê, abordamos diversos assuntos, gerando reflexões, conhecimento e educação e, assim, temos tido a participação não só de colaboradores da comunidade, mas também de pessoas que lutam por oportunidades sem distinções e tolerância e respeito”, avalia Christian Cornejo, Líder do Pilar LGBTQIA+ do Comitê de Diversidade, Equidade e Inclusão da TK Elevator.
Mês do Orgulho LGBTQIA+
Em junho, bandeiras, roupas e demais adereços com as cores do arco-íris enfeitam as cidades e espaços em todo o mundo por conta do Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+.
A data, que homenageia a luta pelos direitos dessa comunidade, teve origem com a revolta de Stonewall, um bar em Nova York, nos Estados Unidos, que em 28 de junho de 1969 sofreu uma batida policial, a qual deu início uma manifestação em apoio aos frequentadores LGBTQIA+ e dando um basta aos anos de violência e perseguição policial que sofriam.
O protesto daquele ano marcou o início do movimento mundial em prol dos direitos desse público. No Brasil, ele começou em 1995, com uma marcha de dezenas de pessoas no Rio de Janeiro (RJ), após a 17ª Conferência da Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersex (ILGA).
Dois anos depois, em São Paulo (SP), houve a primeira Parada do Orgulho LGBT+. Este ano, a capital paulista recebeu a 26ª edição do evento, que reuniu mais de 3 milhões de pessoas e é considerada uma das maiores do mundo.
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