Família, Família. Papai, mamãe, titia. Família, Família, vovô, vovó, sobrinha,… O refrão da música da banda Titãs faz parte da memória afetiva de muitas pessoas quando pensam em suas famílias.

Mas, esse modelo tradicional não representa mais a maioria da formação familiar brasileira. Hoje, a diversidade faz parte da nossa realidade.

Mulheres ou homens sozinhos com filhos, pais divorciados que constituíram novas famílias, filhos de casais homoafetivos, crianças adotadas, entre outras, são algumas das configurações possíveis e que crescem cada vez mais.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), os formatos diferentes já são a maioria na sociedade brasileira. Há 20 anos, o modelo tradicional correspondia a 58% das famílias brasileiras. No último levantamento, feito em 2015, baixou para 42% e a tendência é cair ainda mais.

Novos tempos

Para dar luz ao tema, promovemos em julho um debate organizado pelo Comitê de Diversidade e Inclusão com a participação de convidados e de colaboradores, que trouxeram suas histórias de vida sobre diversidade familiar. O debate virtual contou com uma intérprete de Libras, um diferencial para a acessibilidade de todos.

Segundo Andressa Gudde, Gerente Jurídico na Yara International com mais de dez anos de experiência em gestão de pessoas e equipes de trabalho, o conceito de família que temos hoje é fruto da Constituição de 1988.

“Nosso conceito de família estava atrelado ao casamento. A última legislação exclui essa vinculação e amplia o conceito ao definir a família como a base da sociedade e, além disso, os deveres dos cidadãos com o cuidar e proteger os membros da família, principalmente as crianças e os idosos. Uma visão mais próxima da realidade da sociedade”, avalia a advogada.

Juridicamente, outro passo importante para a consolidação de uma família mais diversa foi o direito ao casamento homoafetivo, a partir de 2013, garantindo o acesso ao cônjuge do mesmo gênero aos mesmos direitos dados aos casais heteroafetivos.

Protagonismo feminino

O papel da mulher na composição da nova família brasileira é fundamental. À medida que o sexo feminino assume um novo papel, proporcionalmente ganha um protagonismo que antes era do homem.

Segundo Cecília Shibuya, assistente social e Diretora da Prática – Consultoria Empresarial que atua na gestão de pessoas, a família era um laço de sangue. “Se engravidava, a mulher tinha que casar e assumir o papel de dona do lar. As famílias eram numerosas e o homem o provedor”, explica.

Com o divórcio, a mulher ganha autonomia e tem a opção de estudar, trabalhar, cuidar dos seus filhos, se assim quiser, sem a figura paterna. Hoje, as mulheres são responsáveis pelo sustento de 45% dos lares brasileiros, segundo o IBGE.

O papel da liderança

As mudanças na formação da família apesar de significativas, ainda carregam vieses inconscientes por parte da sociedade. As empresas, na visão de Cecília, estão mudando de uns cinco anos pra cá, mas ainda existem muitas posturas inadequadas.

“Diante da diversidade familiar, a empresa é uma escola, onde podemos vivenciar e aprender sobre as pessoas, além de melhorar as convivências. Por isso é importante capacitar líderes para atuarem com equipes vindas de variados tipos familiares”, explica Cecília.

Para Andressa, a diversidade é a mola propulsora para a empresa buscar caminhos e solucionar os problemas. Uma relação que ficou ainda mais evidente com a pandemia, devido ao isolamento social, trabalho home office, filhos sem aula, tudo misturado e junto.

Neste cenário, segundo ela, ficaram evidentes as fragilidades, desigualdades e até os privilégios. “É importante falar de diversidade familiar e ter esse tema como estratégico nas empresas. Desse modo, se faz necessário uma liderança que atue em prol da diversidade em todas as esferas, dando voz e representatividade a todos os modelos de família”, comenta.

O caminho, segundo as duas especialistas, é o acolhimento.  O cuidado com as mães, os pais, com quem não tem filhos, enfim com todos os modelos familiares, onde o que importa é o laço afetivo e o respeito.

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