Quando a pandemia provocada pelo novo coronavírus deu seu primeiro sinal, no fim de 2019, na China, era impossível prever o que causaria em todo o mundo. Ninguém imaginou, também, que os malefícios não se limitariam à saúde física, estendendo-se para o campo mental.
De acordo com a pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), sintomas de ansiedade e depressão afetaram 47,3% dos trabalhadores do Brasil durante a pandemia.
Viver em isolamento social, perder um ente querido, contrair o vírus que ainda assusta o mundo, entre outras situações, foram gatilhos que contribuíram pelo alto percentual de entrevistados que acumularam os dois sintomas ao mesmo tempo: 27,4% deles, ou seja, mais da metade dos trabalhadores enfrentaram – ou ainda enfrentam – as consequências trazidas pela ansiedade e depressão.
Os índices alarmantes não param por aí. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil tem hoje 11,5 milhões de pessoas que sofrem de depressão e até 2030 essa será a doença mais comum em nosso País.
Diante desse cenário, a Síndrome de Burnout, ou esgotamento profissional, também cresceu e, cada vez mais, é foco de atenção das empresas.
Tratar desse tema é uma necessidade urgente pois, como comenta a doutora Liliane de Mattos Morais, Coordenadora de Saúde Ocupacional da TK Elevator, “estamos diante de uma tendência em nível mundial de aumento das doenças de causas psicológicas”.
Ela explica que as estatísticas apontam que nos últimos anos os transtornos mentais também figuram entre as principais causas de afastamento do trabalho no Brasil. Só em 2020, foram mais de 570 mil casos de transtornos mentais e comportamentais. A Síndrome de Burnout tem mais representatividade entre os profissionais de categorias consideradas mais estressantes como, por exemplo, bombeiros, policiais, jornalistas, altos executivos, médicos, enfermeiros de UTI e emergências, economistas e professores.
Burnout: sintomas e cuidados
Segundo a Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt), a Síndrome de Burnout faz parte do dia a dia de cerca de 30% dos mais de 100 milhões de trabalhadores no Brasil.
Estamos falando de pessoas que apresentam manifestações físicas, como alteração no apetite e distúrbios do sono ou respiratórios, entre outros, e psíquicas, como desânimo e dificuldade de concentração, que provocam mudanças de comportamento.
A pessoa com Burnout pode se tornar mais agressiva, apática, impaciente, com baixa autoestima ou ainda partir para situações extremas como, por exemplo, permanecer isolada, ter dificuldade de lidar com mudanças ou, até mesmo, pensar em suicídio.
O tratamento para aqueles que desenvolvem a síndrome, que passou a ser considerada uma doença de saúde ocupacional pela OMS, deve sempre ser direcionado à necessidade de cada paciente, segundo a doutora Liliane.
Por isto, de acordo com ela, o Médico do Trabalho tem papel fundamental na identificação das intervenções necessárias ao ambiente de trabalho para detectar possíveis situações estressoras. Além disso, é necessário capacitar as lideranças para o reconhecimento precoce de colaboradores com quadro sugestivo para o acolhimento e encaminhamento dos colaboradores para atendimento psicológico e/ou psiquiátrico.
O olhar das empresas
A saúde mental dos colaboradores ganhou relevância nos últimos anos muito em função das mudanças provocadas pela pandemia. O home office foi uma delas, provocando novos arranjos na forma de viver e trabalhar. Sem falar nas inúmeras fobias desencadeadas por situações traumáticas como o medo de ter a Covid-19, de perder o emprego e lidar com dificuldades financeiras, fatos que levam a mais ansiedade.
Segundo Liliane, essa situação foi percebida pelo aumento do número de atendimento aos colaboradores da TKE nos programas oferecidos pela empresa para dar suporte psicológico. O We Help é um deles e fica à disposição 24 horas por dia, 365 dias por ano, por meio de um telefone 0800 para oferecer assistência aos funcionários e familiares.
O serviço de telemedicina, por meio da plataforma Conexa Saúde, que oferece atendimentos por chamada de vídeo com médicos, psicólogos e nutricionistas, foi ainda mais procurado para dar assistência a quem, segundo a doutora, não estava preparado para as novas situações que chegaram com a pandemia, assim como, para aqueles que já faziam algum tipo de acompanhamento antes da Covid-19.
Além dos programas que oferece, a cultura organizacional da TKE leva em consideração os aspectos de saúde e segurança em favor do bem-estar físico e mental dos colaboradores. Desta forma, cria uma verdadeira rede de apoio em que cada um se cuida e também cuida dos demais – prática que se estende ao âmbito emocional visto a atuação dos profissionais de Saúde e Segurança do Trabalho (OSH). “As empresas precisam sim estar atentas, o tempo todo, aos sintomas físicos e emocionais dos colaboradores. Para isso, é imprescindível a união entre as áreas de gestão de pessoas, das principais lideranças e do serviço de medicina do trabalho”, finaliza Liliane, dando a receita para a construção de um ambiente de trabalho saudável e seguro.
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Luciano Antonio Ramiro Riegel diz:
Excelente tema abordado, as questões relacionadas a saúde mental serão e estão sendo grandes desafios, não somente para as empresas, mas dentro de nossas casas também. Precisamos estar atentos aos sinais daqueles que nos cercam e de nos mesmos, pois a mudança de hábito com a situação da pandemia, produzi-o um grande numero de situações estressoras, onde teremos que atuar em conjunto para mitigar e eliminar os impactos.