Durante o verão, as praias são o destino de muitas pessoas que buscam diversão e com a família de Andrea Schwarz não é diferente. Eles escolheram a praia de Riviera São Lourenço, no litoral norte de São Paulo para curtir os momentos de férias e lazer. Com uma cadeira de rodas adaptada, Andrea consegue cruzar os 4,5 quilômetros de extensão da praia com autonomia, pois a areia do local é mais dura e firme, comparada com outras regiões, assim facilitando a passagem das rodas. Quem a segue nas redes sociais sabe bem como esses momentos de pura diversão junto à natureza são compartilhados com alegria e entusiasmo.

Foto da praia de Rivieira de São Lourenço.

Andrea é casada com Jaques Haber seu sócio e companheiro de jornada há mais de 25 anos com quem tem dois filhos e o sonho de ter uma casa na praia já existia faz tempo. Eles passaram mais de duas décadas evitando viajar para as praias, justamente pela falta de acessibilidade, para eles fator fundamental na hora de comprar um imóvel no litoral.

Créditos: imagem fornecida diretamente pela equipe da Andrea.

E foi esse o principal motivo da escolha por Riviera São Lourenço, um condomínio de casas e apartamentos, considerado o maior projeto de desenvolvimento urbano do litoral brasileiro. Depois de muito planejamento, eles finalmente encontraram uma casa (quase) dos sonhos: ela tem dois andares com cinco quartos, porém, com apenas um deles no térreo.

Depois da compra da casa é que começou uma jornada de quase três meses que, para ele, era cansativa e, para ambos, arriscada. Para vencer os vinte degraus que ligam os andares, Jaques precisava não só carregar a Andrea, mas também a sua cadeira de rodas (totalizando em torno de 60 quilos) toda vez que era necessário. Por isso, quando compraram a casa já estavam certos de que seria necessário encontrar uma solução. E assim iniciou-se o Projeto Casa Acessível.

Foto retirada do Instagram @dea_schwarz.

Contando com a ajuda do construtor e do arquiteto que assina o projeto, eles optaram por uma plataforma vertical da TK Elevator para transportar Andrea com a cadeira de rodas. Segundo Jaques, além das excelentes referências que recebeu, a empresa foi a única que aceitou o desafio de cumprir o prazo por eles estabelecido para entregar e instalar o equipamento até o Natal, ou seja, em três meses.

E assim foi. Na semana antes do Natal de 2021, uma equipe da Filial São Paulo/Litoral da TKE trabalhou com afinco para entregar no prazo o presente que o casal se dera para fechar o ano na casa nova e, então, acessível. Ao longo do processo, Andrea e sua família propiciaram um almoço natalino à equipe de técnicos de instalação da TKE, em reconhecimento à dedicação e o empenho de todos.

Liberdade é para todo mundo

Para o casal, a instalação da plataforma pode ser resumida na palavra liberdade. “Enquanto participo de uma reunião, o Jaques está livre para fazer as coisas dele, sabendo que vou estar segura e com autonomia para me locomover dentro da casa. A liberdade é tanto para a pessoa com deficiência como para o cuidador, que, no caso também é meu marido”, argumenta Andrea.

Nos três meses entre a aquisição e a instalação da plataforma, Jaques conta que se privou de algumas coisas. Uma delas foi o prazer de tomar um vinho quando saía com a família para comer uma pizza. “Eu não podia tomar bebida alcoólica em um jantar porque, ao chegar, tinha que subir com a Andrea e sua cadeira, o que já era perigoso normalmente”, exemplifica. Também nesse período, o ato de subir ou descer teve de ser racionalizado. “A gente tentava economizar as idas e vindas, procurando fazer isso no máximo três vezes por dia”, ele recorda.

A TKE instalou na casa de praia do casal uma plataforma do modelo Easy Vertical que dá a Andrea total autonomia para se deslocar. Com facilidade, ela abre a porta do equipamento e aciona o botão de comando para subir ou descer. Conforme a norma técnica da ABNT ISO 9386-1, específica para plataformas, o botão fica na parte interna do equipamento e nas portas dos andares. Quando chega ao andar, automaticamente a plataforma para independente de qualquer outro comando, para que ela possa sair tranquilamente.

Inspiradora social – essa é a Andrea

Em 1998, quando tinha 22 anos, Andrea notou fraqueza e perda de sensibilidade nas pernas. A sensação foi seguida de uma queda. Foi diagnosticada como um raro caso de má formação congênita na medula. Alguns médicos disseram que, se ela não fizesse a cirurgia, a perda de movimentos poderia se estender por todo o corpo; outros profissionais alegaram que deveria aguardar, pois, com o tempo, retornaria à sua condição anterior. Ela optou pela cirurgia e desde então tem paralisia nos membros inferiores.   

Na época alguns amigos e conhecidos sugeriram que ela se aposentasse, mesmo sendo uma pessoa jovem e extremamente ativa ainda. No entanto, Andrea nunca fugiu de um desafio e dessa vez não foi diferente: a sua nova condição que poderia ser limitadora para muitas pessoas, para ela foi uma inspiração. Como ela mesma diz em suas palestras: ela deixou de andar e passou a voar.

Jaques e Andrea namoravam desde o ano anterior e o fato de ela ter se tornado cadeirante aproximou-os ainda mais. A veia empreendedora do casal começou com a fundação da iigual Inclusão e Diversidade, uma consultoria especializada no recrutamento, seleção e inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho e que se tornou uma das mais conhecidas e procuradas na sua área de atuação. Nos mais de vinte anos de mercado, a empresa é responsável pela contratação de mais de 20 mil pessoas com deficiência no mercado de trabalho em aproximadamente mil empresas de médio e grande porte.

A consultoria já estava estabelecida no mercado, mas para ajudar ainda mais na causa, Andrea resolveu se utilizar das redes sociais para falar sobre sua experiência de vida. Suas publicações em diversos canais foram alcançando e emocionando cada vez mais pessoas e, assim, ela tornou-se uma inspiradora digital – ao mostrar que uma pessoa com deficiência pode ser muito feliz.

Com mais de 550 mil seguidores no LinkedIn, Instagram e Tik-Tok, seu propósito é chamar a atenção das pessoas sobre os assuntos relativos à acessibilidade e inclusão de pessoas com deficiências, sempre com leveza e bom humor, inclusive durante a instalação da plataforma. “A casa acessível é muito simbólica porque falo de acessibilidade desde que estou na cadeira de rodas e era natural mostrar isso para os seguidores”, argumenta.

Não são apenas pessoas com deficiência que interagem com Andrea nas redes sociais. “Descobri nas redes uma possibilidade de, ao mostrar um pouco de nossas vidas e do que pensamos e influenciar a sociedade para que ela seja mais inclusiva e mais acessível”, argumenta a influenciadora. “Meu público está, de alguma forma, alinhado com os valores que disseminamos. Acessibilidade, inclusão, aceitação, superação, empatia. Tenho muitos seguidores entre pessoas com deficiência, mas a grande parcela deles não é. Acredito que deva ser uma proporção de 25 para 75%”, estima.

Diante de tantos desafios é admirável ver o bom humor do casal, mesmo em situações adversas. Eles se lembram da primeira viagem ao exterior para Nova York (EUA). Estavam fazendo check-in no hotel, quando ouviram um estouro, que a primeira vista parecia som de um tiro. No início, foi um susto; mas depois tudo ficou esclarecido: era o pneu da cadeira de Andrea que havia explodido. O desafio maior foi encontrar uma oficina para reparar a câmara de ar, mesmo em plena Nova York, uma cidade grande e com infraestrutura. Já em Veneza, na Itália, o problema se repetiu e dessa vez, eles contaram com a boa-vontade do condutor de uma gôndola que os transportou até uma cidade vizinha onde encontraram uma bicicletaria que consertou o pneu. Jaques soube depois que viagens aéreas alteram a pressão nas câmaras de ar, aumentando a chance dessas ocorrências. Passou então, antes das viagens aéreas, a reduzir a pressão dos pneus, mas nunca mais deixou de levar na bagagem uma câmara de ar de reserva.

São essas e outras experiências de vida que Andrea compartilha com seus seguidores com o propósito de tornar a sociedade mais igualitária, diversa, acessível e justa para todos. E por isso, foi escolhida como embaixadora de Acessibilidade da TKE.

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