Há 47 anos, em 1975, a Organizações das Nações Unidas (ONU) oficializou o Dia Internacional da Mulher. Desde então, em todo o mundo, em 8 de março, a data é marcada por debates sobre a igualdade de gênero. Hoje, apesar de uma realidade bem diferente daquela época e das conquistas femininas, as mulheres ainda enfrentam desafios para ter seus direitos básicos reconhecidos.
Este ano para marcar a data, a ONU escolheu como tema: “Igualdade de gênero hoje para um amanhã sustentável”, em reconhecimento à contribuição das mulheres como agentes para o enfrentamento das mudanças climáticas, mitigação e respostas para a construção de um futuro mais sustentável para as pessoas e o planeta no cenário de pandemia.
O protagonismo feminino em diferentes áreas de atuação é indiscutível e exemplos não faltam para nos inspirar. Mesmo assim, a participação feminina na força de trabalho no mundo é cerca de 20% menor do que a masculina, segundo estudo recente do Fundo Monetário Internacional (FMI), que pela segunda vez em sua história tem uma mulher no cargo de diretora geral, a búlgara Kristalina Georgieva.
Elevando a todos
Diante deste cenário, a TKE promoveu hoje uma live no Dia Internacional da Mulher, organizada pelo Grupo de Afinidade de Gênero formado por Agentes de Diversidade, Equidade e Inclusão na América Latina. O encontro teve como palestrantes colaboradoras da empresa que dividiram suas opiniões e histórias com os demais colegas.
Para Ana Amélia Abreu, Regional Compliance Officer da TKE na América Latina, apesar do avanço nas últimas décadas, as mulheres ainda sofrem preconceito, ainda ganham menos e ainda são as maiores responsáveis pelos cuidados domésticos, o que lhes confere jornadas triplas ou quadruplas, por isso, ainda estamos longe de poder retirar o tema da igualdade de gênero da pauta. “No meio jurídico, do qual faço parte, apesar de já sermos maioria no número de advogadas, de acordo com a OAB, ainda não somos no número de lideranças, tanto em escritórios de advocacia como em empresas”, exemplifica Ana Amélia, que atua há 17 anos na empresa. Mas, ela reconhece que houve uma evolução nos últimos anos na sua área, bem maior se comparada com outros setores profissionais.
Na avaliação de Alexsandra Alves de Carvalho, Gerente de Filial nos Estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Piauí, a igualdade de gênero tem evoluído no mercado como um todo e em conjunto com o cenário de inclusão, mas ainda temos muito que evoluir. “Em ambientes e culturas formadas majoritariamente por homens; as mulheres precisam com mais persistência provar sua competência, sua capacidade e seu valor intelectual. A credibilidade e a competência da mulher são colocadas em xeque constantemente, considero este um importante ponto de atenção”, avalia Alexsandra, que tem 20 anos de carreira em gestão de negócios.
Na sua avaliação, o entendimento de que homens e mulheres têm características e habilidades complementares e não conflitantes é de extrema relevância para uma transformação cultural, pois as empresas precisam de equipes multidisciplinares capazes de construir relações de confiança e dar espaço e credibilidade às mulheres gerará o equilíbrio necessário à sustentabilidade dos negócios. “Não acredito em utopias, mas em rotinas diárias que levem ao entendimento de que homens e mulheres podem, através da colaboração, participar de uma construção de cultura agregadora e inclusiva”, avalia Alexsandra.
Neste contexto, complementa Ana Amélia, é fundamental entender que as pessoas são diferentes, pois têm realidades e necessidades diversas. “Então, para termos mais mulheres em cargos de liderança, precisamos entender do que essas mulheres precisam para crescer, quais as suas necessidades, pois o mundo corporativo foi desenhado por homens e para homens e se tratarmos todos como iguais, nunca teremos diversidade e inclusão”, destaca.
Primeira mulher contratada do departamento de Engenharia de Campo da TKE, Isadora Cardozo Dias, avalia que as oportunidades não são as mesmas para as mulheres no geral e que ainda há um estigma com relação à carreira escolhida. No seu caso, desde a faculdade de Engenharia Elétrica as mulheres eram minorias, situação que perdura no ambiente corporativo. “A mulher ainda enfrenta muito preconceito na hora de ser contratada por vários motivos como o econômico. Um exemplo é a licença maternidade que ainda é vista como uma perda e não um direito. Acredito que neste caso, os homens deveriam dividir essa responsabilidade com as mulheres, ou seja, ter licença paternidade igual às das mulheres para juntos exercerem esse direito” defende.
Por outro lado, a jovem engenheira, que é mestra em Engenharia Mecânica, acredita que as mulheres precisam mudar suas atitudes para conquistar mais espaço e valorizar suas ações. “As mulheres ainda sofrem com a síndrome do impostor e muitas vezes não se autopromovem, pois acham que não fizeram mais do que sua obrigação. Os homens, ao contrário, sabem fazer isso muito bem, comunicam, informam, expressam de forma enfática suas conquistas, e precisamos aprender com eles”, avalia.
Solidariedade feminina
A construção de uma sociedade mais justa, onde a mulher tenha oportunidades iguais na busca do seu espaço, independente da sua área de atuação, passa também pela colaboração entre as mulheres para a quebra de preconceitos e o enfrentamento diário de atitudes desiguais, como salários menores.
O termo sororidade traduz esse movimento de solidariedade em busca de equidade de gênero entre as mulheres e que nem sempre está presente nas relações pessoais e de trabalho, até devido à formação que as meninas recebem.
“Fomos criadas em um sistema educacional que valoriza a competição, a luta, a hierarquia o que faz com que muitas profissionais vivam competindo entre si e com os homens”, destaca Alexsandra. Para ela, o ponto de partida para a transformação está no autoconhecimento para o desenvolvimento das competências e habilidades. “Eu errei muito em tentar reproduzir comportamentos que julgavam corretos, quando na verdade estavam me distanciando da minha essência, chegando ao ponto de ter vergonha de ser extrovertida, quando na verdade estava me apagando. A minha carreira mudou quando eu investi em me conhecer, me entender e me respeitar. Hoje, incentivo as profissionais a se cuidarem, a investirem no autoconhecimento e nos estudos para saírem do lugar comum e transformarem a cultura em que vivemos”, conta ela.
Para Ana Amélia, as mulheres carregam esse estereótipo de competitividade há muitos anos, mas precisamos mudar no dia a dia, adotando atitudes que possam ajudar umas as outras. “Procuro estar sempre aberta para conversar com mulheres que estão em início de carreira e já tenho algumas ‘mentoradas’ informais dentro da TKE. Fora da empresa, sou uma das líderes de um belo programa de mentoria, que já existe há sete anos com o propósito de fomentar o desenvolvimento profissional e pessoal de jovens advogadas. Posso afirmar que a sororidade é a regra, o resto é exceção”, afirma com orgulho.
Ter empatia com as colegas de trabalho faz toda a diferença na avaliação de Isadora e é desta forma que ela se coloca no dia a dia de trabalho. “Quando entrei na empresa recebi apoio de uma colega que se dispôs a me ajudar e a atitude dela foi importante para que eu me sentisse abraçada. Se colocar à disposição é o primeiro passo para sermos mais solidárias e nos ajudar”, avalia.
Neste processo, é sempre gratificante valorizar as mulheres que serviram de inspiração na trajetória profissional de outras mulheres e as ajudaram a ser quem são hoje.
“Muitas mulheres me inspiram. Desde as mulheres da minha família, passando por colegas de trabalho, advogadas parceiras, amigas, executivas de renome nacional até mulheres que cruzaram meu caminho apenas por alguns instantes, todas me inspiram. Gosto de observá-las e aprender com elas”, afirma Ana Amélia.
“Tive uma liderança feminina quando eu ainda fazia estágio que me inspirou bastante. Uma mulher forte que colocava suas ideais e não baixava a cabeça diante dos colegas na maioria homens”, conta Isadora.
“Tenho várias mulheres que me inspiraram e ainda inspiram, mas a mulher que mais impactou minha vida positivamente se chama Cléria Alves Carvalho, minha mãe. Em vida ela me ensinou a ter respeito, ser responsável e corajosa. Trago comigo sua simplicidade, alegria e intensidade. Ela era genial em gestão, pois conseguia fazer o impossível com tão pouco recurso”, diz Alexsandra.
Nós incentivamos a diversidade e a inclusão em nossos ambientes corporativos com o objetivo de construir uma cultura de respeito às pessoas e de valorização das diferenças. Hoje, Dia Internacional da Mulher, queremos parabenizar todas as mulheres por suas conquistas e lutas em prol de um mundo mais sustentável, pacífico e com direitos e oportunidades para todos.
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